Quem estará de volta aos times da Premier League após a paralisação?
O período sem jogos, apesar de não ser bem recebido por ninguém, deu tempo para algumas peças importantes se recuperarem de lesões na Premier League
É. Já se foram dois meses desde que a bola rolou pela última vez na elite da Inglaterra, desde o dia 9/03. A goleada do Leicester sobre o Aston Villa não foi das partidas mais assistidas pelo mundo, mas certamente ninguém recusaria essa opção de entretenimento agora.
Mas o retorno pode estar relativamente próximo. Ainda não podemos falar com muita certeza, considerando a imprevisibilidade da pandemia e a carta de mais de 100 páginas enviadas por médicos dos clubes para a Premier League, demonstrando grandes preocupações com a possível retomada. Mas as discussões são cada vez mais pautadas em tomar decisões visando a continuidade da temporada.
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O Project Restart, apresentado às equipes na última sexta-feira (1), prevê a volta aos treinamentos no dia 18/05 e partidas acontecendo em 12 ou 13/06. Todos os embates seriam realizados em estádios neutros, com portões fechados e diversas regras rígidas – e peculiares, como proibição à comemoração – para a proteção dos envolvidos. Os atletas estão no centro de tudo isso, e, apesar de que muitos reprovam a volta da competição, há um fator relevante a ser discutido.
A forçada – e triste – pausa, como um de seus efeitos menos danosos (se é que podemos tratar assim), acabou reforçando os elencos da maioria dos times. Depois da eliminação para o RB Leipzig, na Champions League, José Mourinho disse que o Tottenham “não era um time”, mas sim “um grupo de jogadores que estão disponíveis para jogar”. Mesmo com suas estrelas, nada garante que a classificação viria – visto a campanha pouco empolgante dos Spurs.
De qualquer forma, um fato é inegável: lesões afetam, e muito, o resultado de várias partidas; e, por consequência, de campeonatos. Enfrentar o Manchester United – que vinha de uma sequência empolgante – com Harry Kane, Heung-Min Son e Steven Bergwijn no comando de ataque é, sem dúvida alguma, uma situação bem mais agradável não só para o treinador. O torcedor pode acompanhar o restante da temporada com a expectativa renovada de alcançar uma vaga na UCL.
Panorama repetido justamente no Old Trafford, considerando que dois dos principais astros dos Red Devils estavam no departamento médico há um bom tempo. Marcus Rashford, artilheiro da equipe em 19/20 com 19 gols, não vai à campo desde 15 de janeiro, quando agravou uma lesão nas costas contra o Wolverhampton.
O camisa 10 teve uma fratura séria e, em tese, voltaria só para 20/21. Agora, pode ser que reforce o ataque de Ole Gunnar Solskjaer, além de jogar pela primeira vez ao lado de Bruno Fernandes – que vinha apresentando um desempenho excepcional.
Outro que pode formar uma parceria interessante com o português é Paul Pogba, que atuou por apenas 520 minutos nesta edição da Premier League. Lesões recorrentes no tornozelo e no pé o deixaram de molho por meses, com a aparição derradeira sendo no Boxing Day, frente ao Newcastle. O meio-campista passou por cirurgia e teve uma recuperação lenta, mas entrando em forma pode ser decisivo na reta final.
Do outro lado da metrópole, no Etihad Stadium – que deve inclusive ser um dos escolhidos para a realização dos jogos, mas sem a presença dos próprios donos nele -, o City também deve ter peça fundamental dando as caras. Aymeric Laporte é, na pura concepção de um zagueiro, o único realmente confiável da posição no plantel.
Se o futuro na liga nacional já está encaminhado, é importante lembrar que a Champions League pode ser concluída em agosto e as chances no torneio aumentam com sua presença. O francês teve duas contusões sérias, uma em agosto e outra em janeiro, e em ambos retornos acabou se machucando novamente. Ele teve que ser substituído ainda no primeiro tempo do jogo de volta diante do Real Madrid e perdeu os últimos três compromissos pela PL.
O Chelsea, que atualmente está no limite – 4ª colocação – para a classificação à UCL e tem um elenco enxuto, terá um dos seus talismãs de volta. Os 13 gols de Tammy Abraham foram fundamentais e seu instinto dentro da área será bem recebido por Frank Lampard. Assim como a energia de N’golo Kanté, que foi utilizado de forma excessiva por seus últimos treinadores e desde o final de 18/19 vem sofrendo com uma condição física prejudicada.
Finalmente teve tempo para se reabilitar e, claro, descansar. E sabemos que ele descansado costuma ser um incômodo e tanto para os adversários. Callum Hudson-Odoi, Christian Pulisic e Ruben Loftus-Cheek, três jovens talentos que podem contribuir em diversos fatores, estavam se aproximando da volta antes da pandemia e agora vão encorpar o grupo dos Blues.
O Leicester não conta com retornos consideráveis programados. Os Foxes ocupam a terceira posição e até o início do ano a sensação era de que o top four estava assegurado. Contusões (de peças que já voltaram, como Jamie Vardy) e queda de desempenho fizeram com que uma sequência decepcionante surgisse, porém, e a séria lesão de Ricardo Pereira certamente não ajudaria.
Entretanto, mesmo com a pausa prolongada, o português infelizmente deve ficar à disposição apenas na próxima temporada. Um dos melhores laterais do país, rompeu o ligamento do joelho em duelo com o Watford e sua recuperação deve durar de quatro a seis meses.
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Não é o suficiente para o momento – e Brendan Rodgers continua com esse empecilho na missão de se manter no grupo de cima. O Sheffield United, 7º, conseguiu o feito de estar com o departamento médico vazio neste ponto da campanha.
No Emirates, Mikel Arteta terá a opção de Lucas Torreira para formar o meio-campo do Arsenal. O uruguaio não é titular absoluto, mas pode ser útil e certamente aparece como boa notícia depois de ter sofrido uma lesão grave no tornozelo no início de março, contra o Portsmouth.
O Liverpool, que só aguarda pela data em que vai levantar a taça, não precisará mais do pouco confiável Ádrian debaixo das traves. Alisson, que tinha ficado de fora dos últimos três jogos por contusão no quadril, voltará a passar confiança para a sua defesa.
Se ninguém pode celebrar os motivos desse período de paralisação, pelo menos o cenário acabou apresentando uma oportunidade para esses jogadores. Claro, aqueles que estão há muito tempo sem atuar de forma competitiva precisarão antes ganhar ritmo de jogo, mas a presença de certas peças pode mudar os rumos da temporada de alguns clubes.
Dos primeiros colocados, por enquanto, é isso. Em breve volto com novidades dos outros clubes e análises mais aprofundadas do impacto desses retornos na dinâmica de cada conjunto. E seguimos no aguardo das definições. A abstinência é grande, né?
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